Reforma tributária: o caminho para entender melhor os impostos no Brasil
- Marina Correia
- 5 de mai.
- 3 min de leitura

Durante anos, o sistema tributário brasileiro foi um dos mais complexos do mundo. Exigia
um esforço desproporcional das empresas apenas para manter suas obrigações em dia:
são 1.501 horas por ano, em média, dedicadas ao cumprimento de exigências fiscais,
segundo o Banco Mundial, um número muito acima da média global. Essa realidade,
especialmente para pequenas e médias empresas (PMEs), sempre foi um gargalo para o
crescimento. Em 2025, com a sanção da Reforma Tributária, o país inicia um novo ciclo. Ela
terá implementação gradual a partir de 2026 e conclusão prevista para 2033. A proposta,
estruturada em torno da unificação de tributos e maior clareza no recolhimento dos
impostos, busca facilitar o entendimento e a gestão da carga tributária, principalmente
entre os pequenos negócios, que representam 99% das empresas no Brasil e geram 30%
do PIB nacional, de acordo com um levantamento do Sebrae.
Unificação dos tributos: o fim da “cascata”
O principal alicerce da reforma é a substituição de cinco tributos (PIS, Cofins, IPI, ICMS e
ISS) por dois novos:
CBS (Contribuição sobre Bens e Serviços), de competência federal;
IBS (Imposto sobre Bens e Serviços), de competência estadual e municipal.
Essa mudança cria um modelo de Imposto sobre Valor Agregado (IVA), que já é adotado
em diversos países desenvolvidos. A diferença principal em relação ao modelo anterior está
na eliminação da chamada "tributação em cascata", ou seja, a incidência de impostos
sobre impostos ao longo da cadeia produtiva.
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Transparência e previsibilidade para quem empreende
Atualmente, muitas empresas não sabem exatamente quanto de imposto estão pagando
por produto ou serviço. Isso dificulta a precificação, o planejamento financeiro e até mesmo
decisões estratégicas, como investimentos e expansão. A reforma muda esse cenário ao
estabelecer alíquotas padrão e destacadas na nota fiscal.
Mais que isso: o novo sistema padroniza e digitaliza os processos de apuração e
recolhimento de tributos. Isso significa que empresas terão menos obrigações acessórias
redundantes, mais controle sobre seus dados e mais segurança no cumprimento das
regras fiscais. O resultado é um ambiente mais previsível para planejar e crescer — algo
essencial para PMEs que operam com margens apertadas e pouco espaço para erros.
O que muda na prática para as PMEs?
Para os pequenos negócios, a promessa da reforma é reduzir custos indiretos, erros de
contribuição e aumentar a autonomia dos empreendedores na gestão dos próprios tributos.
E há avanços concretos nesse sentido:
Digitalização dos processos: a adoção de sistemas integrados vai facilitar o envio de dados fiscais e diminuir a necessidade de retrabalho;
Mais clareza sobre o regime ideal: o empresário poderá comparar com mais facilidade o impacto de diferentes regimes tributários — como o Simples Nacional versus o regime geral de IBS e CBS;
Facilidade no planejamento financeiro: com um sistema mais transparente, o empresário saberá com antecedência qual será o impacto fiscal de cada decisão operacional ou comercial.
Além disso, o Simples Nacional será mantido, o que garante certa estabilidade às empresas
que optarem por esse regime. No entanto, há mudanças no aproveitamento de créditos
tributários que podem afetar sua competitividade, principalmente quando prestam serviços
para empresas de regimes diferentes.
Confira mais dicas sobre a reforma tributária neste artigo da FinBits
Novos desafios exigem adaptação
Nem tudo são facilidades. Algumas mudanças trarão desafios, especialmente no curto e
médio prazo. O principal deles é o sistema de “split payment”, que desconta os tributos
automaticamente no momento do pagamento, antes mesmo do dinheiro cair na conta do
empresário. Isso exigirá um novo olhar sobre o fluxo de caixa: sem margem para erro ou
atraso, o controle financeiro precisará ser mais rigoroso.
Outro ponto importante é a reoneração da folha de pagamento, que será retomada de
forma gradual entre 2025 e 2028. Para alguns setores, isso pode significar um aumento
considerável dos encargos sociais.
A recomendação, neste momento de transição, é que as empresas invistam em:
Diagnóstico tributário detalhado;
Ferramentas tecnológicas de gestão;
Capacitação de equipe;
Acompanhamento contínuo das mudanças legais.
Mais clareza para um sistema que era opaco
A carga tributária brasileira não deve, necessariamente, cair após a reforma — inclusive, a
alíquota padrão estimada hoje gira em torno de 28%. Mas a grande vantagem do novo
modelo é a transparência: entender o que está sendo pago, como e por quê. Isso, por si
só, já representa um salto qualitativo para o ambiente de negócios no país.
por Tiago Dias
Coordenador de Marketing FinBits
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