Os métodos de pagamento desempenham um papel fundamental em qualquer economia, impactando diretamente a facilidade da movimentação de recursos e a realização de transações comerciais.
O Brasil demonstrou sua vanguarda na modernização dos sistemas de pagamento com a introdução do Pix em 2020, revolucionando a forma como as pessoas e as empresas realizam negócios, tornando-as mais rápidas e baratas.
Por outro lado, os Estados Unidos possuem desafios na modernização de seus meios de pagamento, explicados tanto por suas políticas internas, quanto pela descentralização do sistema financeiro.
O FedNow, apelidado como "Pix americano”, foi desenvolvido como uma resposta à necessidade de modernização dos métodos disponíveis nos Estados Unidos. Desde julho de 2023, os bancos americanos podem desenvolver soluções utilizando a plataforma lançada pelo Federal Reserve, como veremos a seguir.
Pix no Brasil: História e Dados de Implantação
O Pix foi lançado em novembro de 2020 pelo Banco Central do Brasil (BCB) como um sistema de pagamento instantâneo. Ele permite que as pessoas e as empresas realizem transferências, pagamentos e outras transações financeiras de forma rápida, segura e conveniente.
O Pix é baseado em tecnologia de ponta, funcionando 24 horas por dia, 7 dias por semana, incluindo feriados. Diferente das transferências eletrônicas disponíveis até então, sua infraestrutura opera de forma independente dos expedientes bancários tradicionais.
Desde o seu lançamento, o Pix tem experimentado um crescimento impressionante em termos de adoção. De acordo com o Relatório de Gestão do Pix de 2023 do BCB, em 2022, o sistema processou mais de 24 bilhões de transações, com um valor total superior a R$ 10,9 trilhões. Isso demonstra a rápida aceitação e integração do Pix na vida cotidiana dos brasileiros, substituindo métodos de pagamento tradicionais, como boletos, transferências bancárias e dinheiro em espécie.
A popularidade do Pix é resultado de sua facilidade, praticidade e custo reduzido. Ele oferece aos usuários uma alternativa econômica e eficiente aos métodos de pagamento convencionais, incentivando a digitalização das transações financeiras no Brasil.
Além disso, ele permite a realização de transações em tempo real, beneficiando especialmente as pequenas e médias empresas que precisam de liquidez imediata. Essa agilidade nos pagamentos também impulsiona o crescimento da economia digital no Brasil, que depende de arranjos complexos e muitas vezes caros de cobranças.
Meios de Pagamento nos Estados Unidos
Antes do surgimento do FedNow, lançado em julho de 2023, os Estados Unidos dependiam de sistemas de pagamento mais antigos, como cheques, transferências bancárias ACH (Automated Clearing House) e pagamentos com cartão de crédito. Embora esses métodos tenham sido eficazes, eles não conseguiram proporcionar a mesma agilidade e conveniência que sistemas de pagamento instantâneos têm a oferecer.
Em sua maioria, grande parte dos americanos ainda utilizam cheques e dinheiro em espécie para algumas transações, o que é visto como um processo antiquado e ineficiente por economistas e bancos centrais. Além disso, as transferências bancárias ACH podem levar dias para serem processadas, tornando-se uma opção inadequada para situações que exigem liquidez imediata.
Com base no relatório anual do Federal Reserve com dados de 2021, os cartões de débito e crédito se destacaram como os métodos de pagamento mais utilizados nos Estados Unidos, representando cerca de 76% do volume total de transações. Em contrapartida, os cheques representaram apenas 5,4% das transações, indicando uma redução na dependência desse método.
FedNow: O "Pix Americano"
Nos Estados Unidos, a questão da modernização dos meios de pagamento se tornou uma prioridade à medida que o país buscava se alinhar com os avanços tecnológicos em outros países. Para atender a essa demanda, foi idealizado o FedNow, um sistema de pagamento instantâneo proposto pelo Banco Central americano ("Federal Reserve" ou simplesmente "Fed").
O FedNow foi projetado para fornecer aos americanos uma maneira mais eficaz e conveniente de realizar pagamentos eletrônicos. Assim como o Pix no Brasil, o FedNow permitirá que os usuários realizem transferências e pagamentos de forma instantânea, 24 horas por dia, 7 dias por semana. Isso significa que as pessoas e as empresas poderão efetuar transações em tempo real, tornando os pagamentos mais rápidos e acessíveis.
Diferenças entre Pix e FedNow
Apesar de buscarem a digitalização e modernização dos meios de pagamento, o Pix e o FedNow possuem algumas diferenças significativas que podem impactar na adoção. A estrutura política de cada país desempenha um papel importante neste processo. Enquanto o Brasil possui uma forte centralização e coordenação regulatória, o FedNow adotou uma abordagem mais descentralizada.
No lançamento do Pix, houve a determinação da participação obrigatória por parte das instituições financeiras; nos Estados Unidos a adesão é opcional. Outra diferença é a presença do Sistema de Pagamentos Instantâneos (SPI) no Brasil, que facilita a interoperabilidade e as transferências entre diferentes instituições financeiras e serve como uma nova infraestrutura financeira operando via internet.
Uso do Pix como Referência para os Americanos
Desde sua implantação em novembro de 2020, o Pix experimentou um crescimento contínuo e impressionante em termos de adoção. A praticidade, gratuidade para pessoas físicas e a rapidez do sistema atraíram consumidores, empresas e instituições financeiras, transformando a maneira como as transações são realizadas no país.
De acordo com dados do Banco Central do Brasil, o número de transações do Pix cresceu constantemente desde o seu lançamento. Além disso, a pandemia de COVID-19 contribuiu para a adoção de pagamentos digitais, incluindo o Pix. Uma vez que muitos consumidores evitaram o contato físico com dinheiro e cheques, o Pix ganhou um impulso fundamental para mostrar seus demais benefícios para a população.
Em outubro de 2023, o Pix bateu seu recorde com mais de 160 milhões de transações realizadas em 24 horas. Até o mês de agosto, o Pix já acumulava mais de 150 milhões de usuários, sendo 140 milhões de pessoas físicas, onde seu uso é mais disseminado.
A tecnologia teve até mesmo casos de usos não planejados. Por exemplo,o envio de mensagens instantâneas (medidas pelo volume de transações no valor de R$0,01), que em alguns momentos superou 0,8% do total de Pix realizados, segundo a Zetta, associação formada por empresas de pagamentos digitais do Brasil.
Conclusão
A implantação do Pix no Brasil e o desenvolvimento do FedNow nos Estados Unidos são marcos importantes na história dos meios de pagamento. Enquanto o Brasil se destacou como líder na modernização de seus sistemas de pagamentos instantâneos, os Estados Unidos ainda estão em processo de alcançar esse objetivo com o FedNow.
Ambos os sistemas têm como objetivo proporcionar maior rapidez, eficiência e acessibilidade nas transações financeiras, contribuindo para a redução do papel moeda, interpretado como algo negativo por economistas monetários.
À medida que o FedNow se torna uma realidade nos Estados Unidos, é provável que a dependência de métodos de pagamento mais antigos, como cheques e transferências ACH, diminua, acompanhando a tendência global em direção a pagamentos eletrônicos instantâneos. Isso não apenas simplificará a vida das pessoas, mas também aumentará a competitividade dos Estados Unidos no cenário internacional.
O crescimento constante do Pix no Brasil ilustra a disposição dos brasileiros em adotar soluções inovadoras e eficazes nos meios de pagamento. À medida que o uso do Pix continua a crescer, o Brasil está liderando o caminho na transformação dos sistemas de pagamento, demonstrando seu compromisso com a inovação e a inclusão financeira. Viramos uma referência global com o caso de sucesso.
Thiago Aragão, cofundador e CEO Finbits
Colunista
