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Novos trilhos para o Sistema Financeiro: Uma agenda de inovação dos Bancos Centrais

No horizonte das iniciativas de inovação do Sistema Financeiro brasileiro, a moeda Drex promete se tornar uma das peças fundamentais na infraestrutura financeira, assim como o ecossistema de Open Finance. Para entender o impacto dessa inovação, é necessário refletir sobre as transformações que já estão em andamento e as oportunidades que se desenham à frente.


Sob a liderança do Banco Central, o Drex vai além de uma moeda digital brasileira, funcionando como um instrumento que pode trazer mais eficiência ao sistema financeiro e novos modelos de negócio para o mercado. Dados da Deloitte informam que bancos buscaram destinar cerca de R$ 47,4 bilhões em tecnologia somente em 2024, um recorde histórico – e reflexo do impacto na tecnologia nas transformações da sociedade.

 

Conexão entre Drex e Open Finance

Segundo uma pesquisa da Federação Brasileira dos Bancos (FEBRABAN), cerca de 71% dos bancos entrevistados acreditam que o Drex deve impulsionar a inovação de produtos financeiros. O Drex, aliado ao Open Finance, pode ampliar o acesso a serviços financeiros e oferecer ferramentas de crédito, pagamentos e investimentos mais ajustadas ao perfil de cada cliente. A partir dessa visão, os bancos têm a oportunidade de repensar seus modelos de negócio, explorando a interoperabilidade entre o Drex e as plataformas de Open Finance para desenvolver novos produtos que sejam mais transparentes e eficientes.


Através do Open Finance, dados financeiros que, antes eram isolados, estão fluindo entre diferentes instituições, possibilitando a criação de produtos e serviços mais ajustados às necessidades dos clientes. Ainda segundo a pesquisa, 73% dos bancos tiveram até 5% de sua base de clientes aderindo ao Open Finance.


Nesse contexto, o Drex pode impulsionar as inovações financeiras ao atuar como uma infraestrutura rápida e segura, com liquidação instantânea, contribuindo para um sistema financeiro que acompanha a agilidade - cada vez mais presente no cotidiano das empresas e da população.

 

Na prática: possibilidades futuras dos modelos de negócio

Os bancos têm a chance de desenvolver produtos financeiros que agreguem valor tanto para os clientes quanto para as instituições. Um exemplo é o crédito instantâneo personalizado. Usando os dados compartilhados via Open Finance, os bancos poderão oferecer linhas de crédito sob medida, com base em uma análise mais detalhada do perfil financeiro de cada cliente. O Drex entra em cena para possibilitar a liberação e liquidação imediata desses créditos, sem as barreiras tradicionais que retardam o processo de concessão. Isso pode melhorar a experiência do cliente e, ao mesmo tempo, aumentar a eficiência operacional dos bancos, com processos mais ágeis e redução de riscos.


Futuramente, por exemplo, o investidor poderá acessar um marketplace com ativos financeiros de todos os bancos emissores, e analisar o melhor investimento para si em uma única tela – solução que conta com a ajuda do Open Finance. Em seguida, o uso do Drex garante uma liquidação mais rápida, permitindo que os investidores reajam de maneira mais eficiente às condições de mercado: será possível permitir com que clientes acessem uma plataforma disponível a qualquer momento do dia, com liquidação instantânea e menor custo. Com a tokenização, ativos que antes eram restritos a grandes investidores, como fundos de infraestrutura, poderão ser fracionados e oferecidos a um público mais amplo. Para os bancos, isso representa a possibilidade de ampliar sua base de clientes e oferecer produtos de maior valor agregado.

 

Iniciativas de inovação ao redor do mundo

Esse movimento no Brasil ecoa iniciativas em outros países que também estão explorando a sinergia entre Open Finance e moedas digitais emitidas por bancos centrais (CBDCs). Atualmente, mais de 80% dos Banco Centrais estão estudando possibilidades no uso e lançamento das CBDCs.


O Reino Unido e a União Europeia, por exemplo, lideram no Open Finance e estudam o futuro do euro digital para facilitar transações. Iniciativas regulatórias deles, como o MiCA (Regulamento dos Mercados em Ativos Cripto na Europa), têm ganhado cada vez mais força com o objetivo de desenvolver e promover a adoção de tecnologias transformadoras no setor financeiro. Na China, o yuan digital se integra fortemente com fintechs locais (a exemplo, Alibaba’s Alipay e WeChat), enquanto a Austrália avança com Open Finance e o início do piloto de sua moeda digital. Esses países enxergam essa combinação como uma forma de promover eficiência e inovação, ainda que enfrentem desafios regulatórios e tecnológicos.


O futuro do Drex e do Open Finance no Brasil não se resume apenas a uma questão de tecnologia, mas envolve também mudanças culturais e operacionais nas instituições financeiras. Nesse sentido, as inovações oferecem ferramentas para essa transformação, mas o sucesso dependerá da capacidade dos bancos de se adaptarem e inovarem.


por Evelyne Yao

Especialista em Ativos Digitais no banco BV



Referências citadas no texto:

 

*Evelyne Yao é mestre em Estratégia Empresarial na FGV e graduada em Ciências Contábeis na USP.

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