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A evolução de tecnologias financeiras para gestão de negócios | Fintech B2B


Nos perguntam com certa frequência o que acontecerá com as empresas e a gestão financeira moderna com as novas regras e avanços das fases da implantação do open finance. Por isso, gostaria de analisar neste artigo seu impacto aguardado para a gestão de negócios e o surgimento de novas tecnologias financeiras, as já conhecidas "fintechs".


Os benefícios do open finance para consumidores, como as novas experiências de pagamento online simplificadas pela ITP (Iniciação de Transação de Pagamentos) a partir das suas contas bancárias, têm sido bem explorados pela mídia e entrado no vocabulário dos negócios. Portanto, vamos aprofundar o assunto com algumas considerações importantes, endereçando como podemos tirar proveito de novas tecnologias e os seus desafios.


BREVE HISTÓRICO

Os termos "open banking" e "open finance" surgiram no Reino Unido na última década e se relacionam intimamente com a promoção da inovação tecnológica e o aumento da concorrência no setor bancário incentivados por parte de governos e seus respectivos bancos centrais.


O open banking foi implementado na PSD2 (Second Payment Services Directive), que permitiu a abertura das contas bancárias para terceiros iniciarem transações de pagamentos por meio de consentimentos dados pelos seus correntistas. Já o termo mais amplo, open finance, vai bem além e inclui investimentos, crédito e seguros.


O termo aterrissou no Brasil por meio da Agenda BC#, que foi fortemente influenciada pela regulação europeia. Por meio dela, foram divulgados os objetivos de implementação de pagamentos instantâneos (PIX) e o open finance, além da criação da moeda digital (CBDC). A atitude do nosso banco central foi propositiva e progressista em diferentes aspectos, adaptando conceitos para o mercado financeiro nacional.


A hipótese central do open finance é que consumidores e empresas terão mais facilidade para contratar serviços e produtos financeiros e, em função disso, haverá um aumento da concorrência, redução de custos a partir da modernização tecnológica e a redução da concentração do setor bancário por meio da redução das tarifas e dos juros contratados, por exemplo.


Segundo um levantamento da Febraban divulgado em fevereiro de 2023, foram realizados 17,3 milhões de consentimentos nos dois primeiros anos do open finance. Já o foco do ano, é a implantação da quarta fase do programa – voltada a investimentos e seguros – sob a coordenação do Banco Central do Brasil e os representantes de setores financeiros.


A implementação do open-finance também implica em desafios regulatórios, uma vez que é necessário garantir a segurança e a privacidade dos dados financeiros dos clientes, além de estabelecer padrões para a interoperabilidade entre as empresas que compartilham dados.


Não sabemos como as instituições financeiras vão pressionar contrariamente instituições importantes da economia aberta. Uma excelente dica para o leitor é acompanhar a Agenda Evolutiva do grupo oficial.


A transparência do processo tem sido um ponto forte dos grupos de trabalho do open finance e merecem ser parabenizados. O que é esperado para os próximos anos é o aumento da concorrência no setor financeiro, com a personalização da oferta de produtos e serviços a partir dos seus próprios dados, bem como a melhoria substancial dos serviços.


MAS E AS EMPRESAS?

Empresas poderão ser beneficiadas pelo que chamamos de era das Finanças Conectadas. Imaginamos soluções para desafios das mesmas e, em alguns casos, benefícios imediatos a partir de uma visão na qual os dados financeiros desempenham um papel vital para a tomada de decisão e melhoria de processos financeiros.


Muito similar ao caso dos pagamentos instantâneos ao redor do mundo – com o maior sucesso global sendo a adoção do PIX no Brasil –, o open finance poderá impactar a gestão de tesouraria das empresas, bem como a forma como decidimos contratar produtos e serviços financeiros.


Para entendermos as principais motivações para o uso do open finance, realizamos uma pesquisa primária com mais de 200 gestores financeiros de empresas de diferentes portes e diferentes setores de atuação durante os anos de 2021 e 2022. Em todas as conversas, notamos desafios em comum, que foram consolidados em três grandes tendências. Todas essas tendências podem ser impactadas positivamente pelo open finance.


  1. Geração de resultado a partir da área financeira: Gestores financeiros desejam tornar a sua área ainda mais estratégica por meio da criação de negócios. Um exemplo disso, são as plataformas de marketplace de produtos e serviços que têm investido na identificação de fluxos financeiros e na criação de carteiras virtuais ("wallets"), evoluindo mais recentemente para ofertas de crédito e investimentos.

  2. Redução de custos e automatização de processos manuais: Também notamos um aumento de interesse por tecnologias que possam exibir informações vitais para a tomada de decisão em processos críticos da área financeira. O impacto esperado é a redução dos custos com capital humano e decisões mais assertivas. Isso inclui pagamentos, extração de inteligência e conciliação de informações.

  3. Melhora na colaboração e satisfação dos times financeiros: Diferente de outras áreas da empresa, como marketing e tecnologia, a área financeira não tem à disposição muitas ferramentas preparadas para uma colaboração digital. Em muitos casos, notamos que existe uma preocupação crescente com a adoção de compliance e governança de dados em torno de dados financeiros, que são estratégicos.


Nós defendemos que o open finance esteja entre os três temas estratégicos para gestores financeiros nos próximos anos – incluindo também segurança da informação e o consumo de fintechs por meio das APIs. Elas se combinam e são fortalecidas umas pelas outras como pilares em uma construção.


Visualizamos que a adoção de tecnologias que permitirão às empresas tirarem proveito do open finance não deve requerer uma mudança radical das suas estruturas financeiras atuais. Assim como foi o caso do PIX, será muito importante uma experiência bem desenvolvida desde o princípio, tanto para os usuários das áreas financeiras, quanto para desenvolvedores de APIs e integradores.


Defendemos a ideia de que as empresas podem se modernizar para um mundo "aberto", como por exemplo a utilização de APIs especializadas de pagamentos, contratação de crédito e seguros, conciliação e contabilização automatizadas, entre outros. Tudo isso, sem correr o risco de ficar para trás em uma corrida iminente de aumento do grau de digitalização em um futuro próximo.


Os principais impactos que vamos observar na gestão financeira baseada em Finanças Conectadas serão os seguintes.


  1. Maior acesso a dados financeiros: O open finance permitirá que as empresas acessem seus dados financeiros e de seus clientes em várias instituições financeiras em uma plataforma unificada. Isso significa que as empresas terão uma visão mais completa da situação financeira de diferentes stakeholders, permitindo que tomem decisões mais informadas e precisas em tempo real.

  2. Menores taxas e melhores serviços financeiros: A maior concorrência e o acesso a dados financeiros mais precisos também devem reduzir juros e melhorar os serviços financeiros para os clientes. As empresas poderão negociar melhores condições de empréstimo e outros serviços financeiros com as instituições, beneficiando sua gestão financeira.

  3. Maior transparência e segurança de dados: O open finance e o open economy exigem que as instituições financeiras compartilhem dados com segurança e transparência. Porém, se as empresas não se atentarem à mudança do paradigma de infraestrutura tecnológica em suas finanças, o que é evitável com a adoção de um novo paradigma de Finanças Conectadas, os custos poderão aumentar ao invés de diminuírem.

  4. Maior eficiência na gestão financeira: Com acesso a dados financeiros mais precisos e uma maior variedade de serviços financeiros disponíveis, as empresas devem ser capazes de gerenciar suas finanças de forma mais eficiente. Isso deve levar a uma melhor tomada de decisões financeiras e a uma gestão financeira mais sólida e bem-sucedida. Os dados financeiros, que viraram de fato propriedade intelectual das suas empresas ao invés de reféns em silos de ERPs e bancos, serão a arma estratégica de gestores financeiros.


O atendimento de alta qualidade também vai se tornar a estratégia fundamental para toda a cadeia de valor bancária e de serviços financeiros, sendo que em conjunto com o avanço tecnológico, como o uso de inteligência artificial e o blockchain, veremos melhorias na segurança e na eficiência das transações financeiras realizadas por empresas.


PRÓXIMOS PASSOS

A governança e a colaboração entre os bancos, fintechs, seguradoras, empresas de tecnologia e outros prestadores de serviços financeiros precisam coexistir com as mudanças. Todos devem trabalhar de forma organizada seguindo uma regulação clara para o sucesso da iniciativa, sendo que o maior risco inerente a qualquer mudança é sempre o engajamento dos envolvidos.


Também vale comentar que o "open finance" tem relação direta com a GDPR na Europa e a LGPD no Brasil. Acreditamos que os debates precisam acontecer e as novas regulamentações são muito bem-vindas e se tornam ainda mais relevantes com a divulgação e a geração de interesse em torno das novas ferramentas de inteligência artificial.


Desta forma, mesmo vivendo em um mundo onde a inteligência a partir de dados é o motivador para criação de valor, ainda estávamos em uma espécie de "terra sem lei" quanto à forma que lidamos com as informações de empresas e indivíduos. Basta interpretarmos a relação direta entre o valor de mercado que Google e Meta tem e o impacto que regulações relacionadas à privacidade de dados podem ter em seus modelos de negócios.


Por fim, a segurança não é um tema menos relevante para as empresas. As informações do open finance são integradas por meio de APIs (Application Programming Interfaces), que é a forma como os sistemas dos stakeholders devem "conversar" entre si. Elas precisam respeitar protocolos de segurança confiáveis para garantir a credibilidade do público empresarial quanto à adoção de todas as suas novidades.


Esperamos sinceramente que as melhorias fundamentais estejam disponíveis no menor prazo possível para as empresas brasileiras e, por isso, queremos contribuir com o desenvolvimento de novas tecnologias modernas para que os gestores financeiros e suas empresas possam de fato participar da era das Finanças Conectadas sem um grande esforço de capital e tempo.


Com a Finbits, priorizamos a facilidade de adoção e a qualidade do atendimento justamente por acreditarmos que essas serão as prioridades para as empresas. Queremos não só modernizar suas operações, mas gerar resultados práticos no menor prazo possível, ajudando o open finance a ganhar maior aceitação por meio da realização de pagamentos em qualquer instituição financeira, aproveitando a estrutura atual dos nossos clientes – incluindo seus bancos parceiros, corretoras, softwares contábeis, ERPs, entre outros.

Thiago Aragão, cofundador e CEO Finbits Colunista

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