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Você empreende de que maneira?

Começar um negócio não é fácil, ter sucesso com ele é ainda mais difícil. Entenda a diferença entre os conceitos effectuation e causation usados para diferenciar o estilo de empreendimentos.


Para que uma empresa cresça e se sustente é necessário um conjunto de fatores que podem variar entre orçamento disponível, público, segmento, concorrência e claro, uma boa administração. Ainda não há uma mágica para que um negócio de fato dê certo. Para alguns uma ideia só sai do papel após muito estudo, análise e uma solução final para uma dor do mercado, enquanto para outros a premissa do "aqui e agora" com o que se tem na mão já basta.


No Brasil, desde sempre, a ideia de produzir com o que se tem disponível é bem comum, mas poucos sabem que por trás desse feeling empreendedor existe um conceito e o nome dele é "Effectuation".


Já ouviu falar?

Criado nos anos noventa pela professora Saras Sarasvathy na Universidade de Virginia (EUA), o effectuation se baseia no trabalho empírico. Em outras palavras, você empreende com o que está disponível, utilizando os recursos de uma maneira criativa.


Quando você cria um negócio com base neste conceito, não é necessário metas e objetivos de longo prazo, nem um business plan bem definido. O grande desafio é descobrir na prática o que funciona ou não para esse negócio. O improviso e a flexibilidade fazem com o empreendedor direcione o foco para a situação atual já que está utilizando apenas o que sabe e o que tem naquele determinado momento.

Geralmente esse modelo é usado em ambientes mais flexíveis, sem tantas burocracias, como por exemplo algumas empresas e comércios. Engana-se, no entanto, quem julga ser esse o caminho mais fácil, já que não existe, até então, longos processos e pesquisas. A criatividade se faz necessária todo o tempo e para isso são seguidos alguns pilares.


Os cinco princípios do effectuation:

1. Pássaro na mão


Não se espera a oportunidade perfeita, mas se começa com o que tem ao seu alcance.


2. Perda acessível


Determinar até quanto você está disposto a perder, avaliando as oportunidades nos resultados - lembrando que nem sempre eles serão positivos.


3. Empreender em conjunto


Criar parcerias com pessoas e negócios que estejam dispostos a construir ao seu lado. Em muitos casos, criar em conjunto pode ser mais valioso do que longas análises de mercado.


4. Esteja preparado para o inesperado


Entender que você terá problemas pelo caminho, mas que o sucesso vem a partir de como ira resolvê-los. Já dizia o famoso ditado popular "se a vida lhe der limões faça uma limonada".


5. Piloto de avião


Este para muitos, principalmente os ansiosos, deve ser o principio mais difícil, afinal estamos falando de controlar apenas o que pode ser controlado.


Exemplo de sucesso

Agora que tem o conceito bem definido, deve ter se puxado na memória alguém conhecido que empreende dessa maneira. Você provavelmente deve conhecer alguns exemplos de sucesso, que muitas vezes involuntariamente, usaram o effectuation. Geraldo Rufino é um grande nome a ser citado nesse sentido.


Aos 13 anos começou a trabalhar no Play Center e aos 15 conseguiu comprar um Fusca. Tempo depois trocou o automóvel por um Kombi para ajudar o irmão que prestava serviço para uma transportadora. Aos 25 já tinha dois caminhões e Geraldo começava a se alavancar a partir do transporte de adubo. Entretanto, pouco tempo depois os caminhões se envolveram em um acidente e sem seguro se tornaram inutilizáveis. Sabendo do prejuízo decidiu desmontar e vender as peças dos caminhões para reparar um pouco da quantia e ali percebeu que havia um espaço no mercado para se explorar.


A partir desse contexto surgiu a JR Diesel, a princípio em um galpão com desmanche manual. Com a ambição de crescer, surgiram parcerias estrangeiras e ali, o próximo tombo: um erro que custou cerca de R$16 milhões. A empresa se reestruturou e máxima de se fazer "aqui e agora" aliado ao otimismo de Geraldo fez com que a JR Diesel se tornasse o maior expoente do desmanche do Brasil.


Claro que não podemos dizer que este é o modelo mais seguro ou até o ideal, afinal não temos essa resposta. Para alguns o sucesso aconteceu depois de muito planejamento e por trás dessa linha temos também um conceito muito famoso, o "causation.


Para aqueles que amam um planejamento

Quando falamos sobre o causation estamos utilizando como base a causalidade, sendo assim, a previsão e os processos são feitos para um determinado efeito pré-estabelecido. A concentração fica em torno da seleção mais eficiente de meios e os possíveis efeitos que podem ser criados. Este é um modelo de empreendedorismo geralmente usado em ambientes menos flexíveis e, há quem diga, em lugares com baixo nível de criatividade.


Aqui os empreendedores realizam um planejamento detalhado com metas claras e objetivas, assim como estudos de mercado com a intenção de prever e controlar os próximos passos do negócio. As decisões são tomadas sempre de forma técnica e racional.


Geralmente startups são criadas dessa forma. Uma dor do mercado é percebida e consequentemente há a busca por uma solução. Grandes nomes como Facebook, Spotify e Google foram criados com base no causation e os passos seguintes são pensados para o crescimento da companhia. A partir do momento que se tem investidores ou uma quantidade de dinheiro muito grande envolvida, alguns empreendedores preferem seguir por essa linha, pois acredita-se que haja um risco mais calculado.


De qualquer forma, o bom empreendedor é aquele que tira do papel sua ideia e faz com seu negócio cresça, seja sustentável e por ventura tenha lucro. Exemplos não faltam e no final do dia, começar acaba sendo sempre o passo mais difícil.

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