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A cauda de cometa dos investimentos em Venture Capital no pós-pandemia




Ao longo dos últimos 18 meses, o mercado de Venture Capital vem crescendo e se transformando no Brasil e no mundo. Após um ano recorde de investimentos em VC no país em 2020, o cenário continua em ascensão. Segundo a plataforma Distrito, até o momento, o volume total investido em transações de M&A para startups brasileiras em 2021 foi de US$ 6,6 bilhões, 89% acima do volume investido em 2020, com 457 rodadas de investimento concluídas - que representam 95% do total realizado no ano passado. Estes números traçam um novo perfil de mercado de VC no país em 2021, com maiores volumes médios por transação e diversas novas consequências para o ambiente de investimentos local.


Primeiramente, o crescimento deste mercado ilustra que os cheques de investimento e a amplitude de investidores interessados em se expor ao ecossistema aumentou.


Este fenômeno, chamado de “seller’s market”, traz uma série de dúvidas e preocupações para os empreendedores que desejam ter sucesso nos processos de captação de recursos. Dentre elas, escolher o melhor parceiro para destravar projetos de crescimento, encontrar o melhor timing para realizar o approach a esses potenciais investidores ou até mesmo o que apresentar em um processo estruturado de rodada de investimento.


Dadas as preocupações, é crucial saber aproveitar o atual ciclo positivo no ecossistema de VC e traçar uma estratégia clara de acesso a potenciais investidores.


Como começar?


Para isso, o primeiro passo é saber construir linearmente o propósito por trás da captação de recursos, ou seja, quais projetos serão alavancados a partir de uma injeção de capital de terceiros e como estes projetos se conectam com a história do empreendedor e da performance de sua startup.


Esta construção de narrativa, conhecida como “equity story” da companhia, ganhou protagonismo no cenário de investimentos nos últimos anos, especialmente, em função do ciclo de crescimento de investimentos em VC e da maior exposição dos investidores a projetos inovadores, porém sem grande histórico de crescimento ainda.


Por isso, a direção aponta cada vez mais para modelos de negócios com propósitos claros, produtos bem estruturados, performance sólida – mesmo que de curto prazo – e projetos de crescimento sustentáveis.




Desta forma, parte do potencial de retorno sobre o investimento para o investidor está em se expor mais inicialmente à trajetória de crescimento da investida e dar suporte às tomadas de decisão estratégicas da companhia para acelerar sua trajetória de crescimento futura.


Esta presença mais constante do investidor no dia a dia das empresas é o que chamamos de “smart money investment” e se tornou um diferencial competitivo relevante na hora de escolher o sócio parceiro. Com o crescimento do mercado, os VC investors tornaram mais claros quais seus nichos de atuação “preferidos” e abriram portas para os empreendedores entenderem com maior profundidade quais investidores se encaixam melhor na construção de seu futuro estratégico.


Não é só dinheiro


Parceiros como Softbank Latin America Group, Valor Capital Group, Monashees e Astella Investimentos criaram nos últimos anos verdadeiros hubs de atuação em determinados segmentos, trazendo benefícios além do “money” e acelerando ainda mais o potencial de crescimento de suas investidas.


Suporte nas etapas de contratação de profissionais, fornecedores, parceiros, monitoramento de controles, indicadores e processos internos se tornaram diferenciais na construção de uma parceria ótima entre investidores e empreendedores.


Em paralelo, este suporte e presença mais constante do investidor têm seu preço. As expectativas de retorno sobre os investimentos realizados ficaram mais agressivas e, consequentemente, os mecanismos de proteção para garantir estes retornos também.


Em sua grande maioria, os eventos de investimentos de VC – especialmente os estágios mais iniciais - envolvem ofertas sem realização de capital para os sócios, apenas injeção de recursos no caixa da companhia. Outros mecanismos contratuais, como direitos de liquidez preferencial, exigência dos sócios fundadores na operação e cláusulas de anti-diluição na realização de novas rodadas têm se tornado cada vez mais frequentes na negociação dos contratos de investimento.

Logo, a relação investidor x empreendedor envolve uma sequência de etapas, qualidades e obrigações que precisam ser bem precificadas no processo de negociação para a realização de um evento de investimento com sucesso.


Com o motor de foguete ligado, é importante equalizar todas estas variáveis da forma correta para pegar carona nessa cauda de cometa. E dentro deste ecossistema onde os conceitos que eram aplicáveis nos últimos doze meses já representam uma visão quase de uma década passada, certamente precisaremos revisitar todos estes temas novamente.


Mas aí é papo para outro artigo.




Por: Lucas Nembri, Executive Partner na DealMaker

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