Confira o que o nosso #SnaqSpecialist Arthur Rufino, CEO da Octa, marketplace circular que conecta frotas e centros de desmontagem veiculares, análisa sobre o tema
Todo negócio se relaciona, de alguma maneira, com riscos e oportunidades ambientais, sociais e de governança. Não é à toa que, nas últimas décadas, à medida que os mercados amadureceram vimos evoluir a consciência das empresas sobre esses temas e o conceito ‘ESG’ se consolidar.
Não há uma forma padrão de medir o alinhamento aos 3 pilares, mas inúmeros rankings e agências de rating propõem métricas que se complementam para auferir as atividades relacionadas a cada letra. Abaixo explicamos o que cada uma representa:
Para falar ainda mais a fundo sobre o assunto, entrevistamos Arthur Rufino CEO da OCTA, Marketplace circular que conecta frotas e centros de desmontagem veiculares. Conheça um pouco sobre economia circular e como a Octa tem sido um catalisador de ESG para outras empresas:
1) Nos últimos 5 anos, tivemos um boom de fundação de startups com foco nas políticas ESG, mas sabemos que na prática vender não é o mesmo que ser. Quando olhamos para a Octa e a sua proposta de ser ESG by design, o que muda no dia-a-dia?
Arthur Rufino: O grande desafio é manter os indicadores ESG com o mesmo peso dos indicadores econômicos e técnicos, garantindo que o produto mantenha essas entregas de forma consistente. Muda tudo, porquê os profissionais não foram formados em culturas que priorizem isso e acaba sendo uma missão da Octa construir esse mindset na turma.
2) Sabemos que ESG é um termo em constante discussão no mercado, tanto para startups quanto para os investidores, embora continue sendo distante para determinadas camadas da população (agravado pelo fato de a sigla ser em inglês). Como a Octa, que lida com diferentes públicos e classes sociais, se adaptou para a democratização do seu negócio?
O segredo está na simplicidade, entregando informações assertivas e não necessariamente "agrupadas" como se ESG fosse um combo inegociável. Cada público recebe a "sua versão" de informação, mas sempre prezamos por manter termos populares e em português, conectando a referências simples sempre que possível.
3) Dentro do business da Octa tem um fator dela ser um catalisador de ESG em outras empresas. Como funciona isso na prática?
A desmontagem formal e eficiente de um veículo no Brasil representa a redução de 3,7 toneladas em emissões de CO2, a redução do roubo de 1 veículo similar e a sustentabilidade econômica de um centro de desmontagem formal inserido em uma periferia. Impactamos meio ambiente, segurança pública, empregabilidade e democratização do acesso à manutenção em toda e qualquer desmontagem que viabilizamos na plataforma.
4) Outro tema frequentemente ligado à sigla ESG é a economia circular. Hoje, qual o papel de vocês dentro desse mercado, e onde esperam chegar?
A cadeia automotiva é linear desde sempre e o negócio da Octa é conectar as pontas soltas e tornar essa cadeia circular. A gente ajuda a frota a encontrar destino economicamente viável para veículos até então sem liquidez em canais tradicionais, vendemos para centros de desmontagem homologados por nós e depois vendemos peças usadas para frotas, peças reparáveis para remanufatura e materiais recicláveis para indústrias.
5) Nós sabemos que você participou da criação de uma lei que envolve pilares de ESG no Brasil. Por meio do case da Octa, vimos que, dentro do ambiente regulatório brasileiro, existem possibilidades de criação de leis/incentivos que podem desbloquear novos (ou inexplorados) mercados pelos empreendedores. Como você enxerga esse cenário?
O grande desafio em criar frentes fortes de regulamentação é entender as dores e desejos de stakeholders mantendo o G do ESG em vista. São muitos interesses que soam conflitantes, mas acredito que startups têm esse poder de redesenhar modelos e criar inovação em ambientes improváveis.
6) Quais tendências você enxerga para os próximos cinco anos a partir do mercado ESG, quanto a produtos e modelos de negócios?
Acredito que teremos altos e baixos na pressão de investidores e consumidores sobre as empresas, mas a grande maioria das empresas tendem a manter a visão de buscar essa estrutura de forma definitiva. O ambiente vem criando o senso de urgência nos gestores, fazendo com que entendam que têm sua responsabilidade com o futuro da sociedade, mas também com a perenidade de suas empresas que estarão sob questionamento constante.
7) Dado o potencial de mercado de desmanche de veículos no Brasil, qual é o grande objetivo da Octa?
Estamos falando de um mercado potencial de R$ 40 bilhões que hoje é explorado em apenas 10%. A Octa persegue a ocupação desse espaço de forma constante, não apenas atendendo os atuais players, mas também fomentando a entrada de novos empreendedores no mercado e criando um ecossistema mais forte, com maior capacidade produtiva e mais seguro para todos. Um mercado forte pode tornar o roubo de carros em algo inútil no Brasil, empregando mais de 200.000 trabalhadores adicionais e reduzindo em mais de 14 milhões de toneladas de CO2 anualmente.
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